quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Sha- aabi - um assunto incrível - Leiam meninas


Shaabi

                                      FOTO Amar el Binaz - blog

Vamos dar nó na cabeça do povo?
Caderno de estudos deste mês , o que vai ser?

Shaabi ou Sha´bi , de qualquer maneira, um convite para dar um nó num pingo dágua!
Não pretendo com o texto aclarar todas as dúvidas ou definir uma verdade inconstestável, mas  sim, convidar a reflexão, que não faz mal a ninguém e só nos estimula a crescer.

Por definição em termos musicais, é um gênero musical popular, desenvolvido na primeira metade do século XX, que teve seu apogeu entre 1960 e 1980.

Mesmo sendo reconhecida como uma manifestação cultural dos grandes centros, ou música urbana do Cairo, as origens se encontram, em outra área. As raízes da música shaabi, vem da música egípcia rural, por exemplo dos camponeses que viviam na área do Delta do Nilo, chamados “ fellaheen”.
O sinônimo para a palavra Sha´bi, seria popular , folclórico, pertencente ao povo ou as pessoas comuns.
Pode se aplicar no Egito, a classe trabalhadora , sendo ela  camada básica da população.
Exemplo cotidianos do uso da palavra  : akl shaabeia – comida típica- barata e acessível – exemplo koshari , rak´s Shaabi – dança típica ou folclórica.

Em diversos idiomas, uma única palavra serve para distinguir coisas distintas dependendo do contexto em que se insere e assim também é com esta palavra em especial. Hoje em dia o termo é comumente usado, relacionado a música por exemplo, para determinar uma manifestação artística urbana egípcia.

Imagine que tentássemos definir ou descrever o que seria uma música típica brasileira, em especial  ligada a uma cidade específica como por exemplo São Paulo. Que esta música reverberasse os sentimentos da população de forma geral. Não a classe dominante, ou mais privilegiada, mas especialmente as pessoas mais simples.  Que suas letras, trouxessem os argúrios, os lamentos e até mesmo as críticas sociais, relacionadas as vidas destas pessoas. Uma manifestação musical nascida nas ruas, que se modernizasse com o tempo, e que como tudo o que se desenvolve, tem ramificações de qualidade e outras que não mereceriam nem menção.
Essa seria uma explicação simplista para o que se conhece hoje como música sha´bi. Popular com certeza, abrangente pois fala direto para todos sem exceção, e carregada de elementos pertencentes ao povo sobre o qual ela comenta, e discursa.

Sha´bi na Música

O termo shaabi,relacionado a música,  está ligado historicamente a mudanças políticas e econômicas que trariam uma grande revolução ao panorama egípcio, não apenas em termos sociais mas também culturais.
 As informações aqui contidas foram colhidas, num texto interessantíssimo de Roberta Salgueiro, por sua vez baseado no trabalho de um grande antropólogo chamado Nicolas Puig.
Por volta de 1952, depois de muito tempo de resistência a colonização, finalmente negocia o poder e Nasser ascende como presidente. Durante este período a cultura é subsidiada, sempre de acordo com os interesses políticos pertinentes, e desta fase temos o nascimento da Troupe Reda por exemplo.
Após a morte de Nasser, asdende ao poder Sadat, com uma nova política de abertura econômica – INFITAH.
Há uma crescente industrialização e junto com ela o empobrecimento da área rural, o que acaba empurrando os camponeses na direção do grande centro, que neste caso era o Cairo.
A mudança dos felahin traz com eles sua cultura e sua música. Uma música que era baseada de forma simples, em improvisações vocais “ Mawal” sempre acompanhadas por poucos instrumentos.
Rabab, rababah, rbab, o avô do violino, mizmar e Tabl, eram os únicos instrumentos. Em especial Mizmar.
Com a vinda dos habitantes rurais, para a cidade, outros instrumentos foram incorporados. Tabla ou derbak como o conhecemos fazia parte da manifestação musical do Cairo, e passam a fazer parte da mistura desta nova música. Outros instrumentos ocidentais são gradualmente incorporados, como  acordeom , sax e trumpete.
Esse novo estilo de música, é o que o antropólogo Frances Nicolas Puig, chama de Neo Mawal, e que Roberta Salgueiro em seu texto passa a chamar de Shaabi.
A popularidade do novo estilo, em grande parte se deu em função do advento da fita cassete, que se transformou em elemento massificador das informações que continha. Em qualquer esquina, era possível ouvir música, e as bicicletas e carroças também traziam sua sonoridade privada sempre a altos volumes.
Comparativamente as letras também se distinguiam, pois as músicas Mawal ( baladi ou Saidi) falavam do amor romântico e as letras de shaabi eram mais explícitas. O Mawal fala da forma de viver baladi, dos sentimentos de pertencer  a outro lugar e viver num grande centro, o Shaabi fala da mesma coisa, mas de uma maneira diferente, usando metáforas, ironia e até mesmo sarcasmo. No Mawal tradicional, a linguagem é baseada em dialeto , o shaabi usa a linguagem coloquial, do dia a dia, com a incidência de muita gíria ou slang local. O Mawal é improviso, o Shaabi é pop, ritmado e métrico. Ou seja,muitas são as diferenças musicais, entre a origem e a manifestação urbana.
As raízes do Shaabi estão na zona rural, mas seu florescimento, se da´na zona urbana. No ambiente da grande cidade a nova forma musical, se espalhou sem precedentes.
O fato de usar uma linguagem simplificada, falando das futilidades e das reclamações populares, acabou dando a esta música, um toque extra de popularidade, que a liga a periferia das cidades.
Assim como outras manifestações culturais, que nascem nas camadas menos privilegiadas da população, sua ação não se restringe apenas a camada social que a produziu, mas acaba reverberando por outras áreas, chegando a todos os pontos e níveis sociais.
Como esta música sempre tem letra, é  muito importante saber exatamente o que contém a mesma. Existem muitas canções que não podem ser dançadas, por falarem de política de forma bastante rude e grosseira, e por isso mesmo não se prestarem de forma alguma para performances ou shows.
Aí reside a questão, o que fazer? Pobres mortais brasileiras?
A resposta só pode ser uma : encontre a tradução! De preferência com um egípcio, pois a gíria local, não será entendida por outras nacionalidades, e então ainda estamos no risco da gafe total.
Saiba exatamente o que existe na letra de sua canção, para que possa de fato interpretar corretamente a mesma. As canções shaabi, sempre acabam exigindo de quem dança, o contexto da letra, é como se ao dançar, vc estivesse cantando e representando o que a música traz. Neste sentido o gestual também é de extrema importância. Para aprender sobre o gestual, a única saída é estar em contato com alguém da terra, não tem outro jeito.
Dança Shaabi
Raks Shaabi = FOLCLORE


Fifi Abdo , uma expressão pura egípcia!

Raks Sharki = Dança Oriental Dentro do panorama da dança Oriental temos que considerar tudo o que faz dela um grande quebra cabeças.
Nossa formação deveria  iniciar no Folclore que de fato é a base para todo o resto.
Conversei longamente com 3 egípcios sobre suas impressões acerca do que seria a dança Shaabi.
Derivadas destas conversas nasceram minhas próprias conclusões, que vou tentar esclarecer a seguir.
As pessoas que fizeram parte desta exploração verbal sobre a dança são :
Dr Gamal Seif, Khaled Seif e Ahmed Elsweefy.
Afora, todos eles, tenho minhas próprias experiências, que acabam servindo como filtro para as informações recebidas.
É unanimidade, que em termos de dança SHAABI OU SHA´BI, está relacionado quase que exclusivamente ao Folclore
Isso quer dizer por exemplo que grandes compositores, ou interpretes como Mohamed Abdel el Wahab, e Oum Khoulthoum, estariam fora deste parâmetro e são considerados, artistas representantes da música clássica Oriental.
Tudo o que versa sobre os costumes, específicos de certas regiões e suas manifestações artísticas, derivadas destes, é considerado Shaabi.
Portanto, dentro da conotação da palavra, estariam contidas todas as danças de caráter típico ou chamado Folclórico no Oriente Médio.
Para que fique mais claro, compilei uma serie de folclores, que podem ser verificados , como existentes, e que fazem parte da ampla lista do que podemos considerar Raks Shaabi.
Cada uma destas manifestações, tem música específica, assim como movimentações típicas, relacionadas a sua origem e manifestação.
Não temos no Brasil por exemplo, conhecimento de uma boa parte de danças consideradas dentro deste critério, mas com certeza alguns dos nomes, listados, poderemos reconhecer como sendo parte de nossa formação dentro da dança Oriental.
Uma bailarina completa, deveria de forma ideal, conhecer um pouco de cada manifestação folclórica de acordo com a região de sua dança. Se falamos do Egito , temos uma lista a ser explorada, se pertencêssemos ao grupo de países dos Emirados árabes, teríamos outra lista de estudos a frente.
Digo pertencer no sentido de dedicação a uma região específica, em seus estudos. Pois nós somos brasileiras e portanto, admiradoras de uma cultura que não nos pertence, mas pela qual nos sentimos atraídas e encantadas.
As danças consideradas Shaabi, se prestam aos mais variados objetivos, e podem assumir a expressão por acontecimentos diários, ou serem o veículo de manifestação emocional destes mesmos acontecimentos
No Egito por exemplo no passado, existia uma dança , hoje desaparecida, chamada “ Dança da Morte. Existiam canções especiais para este momento, pessoas se encontravam para prantear a morte de alguém ou para honrar aquele que havia morrido. Movimentos específicos, e música também única serviam a este propósito.
Vou definir as danças que pude compilar de acordo com os grupos a que pertencem.
Tenho certeza de que uma nova janela se abre para que possamos pesquisar mais, agora que sabemos que Shaabi não é apenas uma manifestação Baladi mas muito mais do que isso.
Raks Shaabi
1.       Nubia   - Araguid – uma dança de saltos em círculos
              - Tata – Dança da Chuva  e Dança do Sol
            - Karedji – Dança das palmeiras de Tamaras
           - Souk – Dança do mercado
           -Sebouaá – Uma dança especial que é executada 7 dias depois do nascimento de um bebê
           - El Nagrachat – Dança que utiliza as palmas e o trabalho com os pés para fazer música dentro da música. Os ritmos são compartilhados pela música tocada e pelas mãos e pés dos dançarinos.
          - Bescharach –Dança do casamento – uma dança especial para celebrar novidades ou boas novas, muitas vezes ligadas as bodas
          - Zaffa – marcha do casamento
         - El Kaff – Dança baseada em palmas
         - Hammamah – Dança dos pombos


2.       Saidi
--- Tahtib – Dança de luta ou jogo

3.       Baladi
---Takledi – Dança baladi com a bengala
---Hadeth – Pop baladi
---Melleah LafDança com o xale
---Raks al Shamadan – Dança com o candelabro
---Raks Korsi – Dança com a cadeira

4.       Falahi
---El Balas – Dança com o jarro
---El Khabez – Dança dos pães
---El Hasad – Dança da colheita
---El Farah – Dança de casamento

5.       Bahari – Perto do mar
---Saiadin
---Eskandarani
---Suez
---Esmailia
---Port Said
---Mar vermelho – Mambooti com as colheres

6.       Badawi – Beduínas
---Sinai
---Marsa Matruh - Hagalla
---Danças dos Oásis
---EL Aarish – Dabke egípcio


7-Gawazee ou Ghadjar
---Al Nahla – dança da abelha
---Al Tacht – Dança para casamento
---Al Naasi – Dança com os snujs
---Asharat el Tabl – uma dança que reúne a interação entre a bailarina e os tambores
---Raks el Jihainy – Uma dança com bastões
---Nizzawi – em duos, uma dança com bastões extremamente rápida e com movimentos muito ágeis

8 – Danças Religiosas
---Zar
---Zikr
---Sufi

9. Mowashahat
A parte mais clássica da dança Oriental, também considerada parte integrante do Folclore.

Acho que fica claro com tantas informações porque eu ainda acredito que não sei nada, e vou levar a vida toda estudando esta cultura.
Espero que o caderno de estudos deste mês possa ter vindo para acrescentar informações e provocar mais indagações

Pessoas que são responsáveis diretas pela informação contida nesta matéria

Roberta Salgueiro  www.ayuny.com.br
Dr Gamal Seif
Khaled Seif
Professor Ahmed Elsweefy
Shokry Mohamed – através de seus livros que fazem parte de minha coleção
Lulu from Brazil

www.lulufrombrazil.com.br

sábado, 18 de agosto de 2012

Um novo projeto - Pocket Show - Flores e Frutos - 16 de setembro

Caminhos da Dança


Novo projeto em forma de Sarau
Trazer ao público a chance de assistir o processo do florescer da dança em suas variadas fases. Sempre teremos nomes já conhecidos e respeitados por sua qualidade dentro do panorama da dança e essas são as flores.

Os profissionais jovens que estão crescendo no  momento, e já despontam como uma nova geração, são os frutos. Frutos de seu próprio trabalho e perseverança, assim como das pessoas que fizeram diferença em suas trajetórias.

Sementes são bailarinos e bailarinas, convidados especialmente pelo grupo mais experiente da noite, e sempre serão uma decisão pessoal das Flores.

A partir do momento em que os convidados forem definidos, também serão apresentados.
O valor do show é menor do que em qualquer outro lugar, pois nosso interesse é garantir a estrutura física do mesmo, e compartir com os artistas a possibilidade de criar uma nova forma de apresentações.
Com a dança e pela dança!
Reserve seu ingresso para a primeira noite – 10 reais  -
Sorteio de um mês de aulas grátis com Lulu – tenha seu número de convite em mãos!
16 de Setembro – 20:00hs

 Elenco 

Flôres
Lulu
Málak

Nesrine

Frutos 
 
Fael Rabelo
Kiania

Jessyca Lima


Novos Talentos
Surpresas da Noite!
Convidada Lulu 
Convidada Málak
Convidada Nesrine 


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Burlesco - Burlesque - Informações emprestadas da Wikipédia!!

 Ontém em Shangrila , tivemos a primeira aula de Burlesque Oriental.
Uma nova proposta de nossa querida  Julli Mariano.
Primeiro dia em uma empreitada nova , cheia de surpresas

Se quiser experimentar, venha conhecer 
Quintas feiras 19:00hs 
Experimentar é o primeiro passo, explorar é o segundo, 
aprender o terceiro - sem data de encerramento.
O limite é vc mesma quem determina!
Vem?


A apresentação burlesca ou a arte do burlesco se refere a um tipo de apresentação teatral que consiste em uma paródia ou sátira (que muitas vezes implica uma apresentação de striptease e às vezes lembra a chanchada). Alguns autores definem o teatro burlesco como descendente direto da Commedia dell'arte, "farsa" ou "burla" para uma paródia ou comédia de costumes aparece aproximadamente ao mesmo tempo em que surge a primeira aparição da Commedia dell'arte. Burlesco faz parte da categoria estética grotesca, sendo uma representação teatral ou dança. Representação de caráter exagerado, parodiando temas dramáticos com alto teor farsesco, esta forma cômica trata de personagens extravagantes e bufonas. Autores que discorrem sobre o grotesco, citam o burlesco como variante ligada a encenação. Procurar Mickhail Bakhtin, Wolfang Kayser, Muniz Sodré, Raquel Paiva, Patrice Pavis.
O Burlesco é uma arte performativa que remonta a 1600 e que pode misturar vários tipos de disciplinas (teatro, circo, ballet, pantomina, entre outros) . É um descendente da Commedia dell'arte, tendo por isso uma grande componente de comicidade. O renascimento do Burlesco na década de 80, com performers como a Dita Von Teese a trazerem o Burlesco para um circuito mais mainstream (o que não tinha acontecido até então), adicionam ainda mais variedade à disciplina, gerando um movimento - Neo Burlesque, com números muito mais risqué, como os da performer Empress Stah. Passamos agora por um momento único na história do Burlesco, com o nascimento do Boylesque - performers masculinos de Burlesco.
Ao contrário do que se pode pensar, o Burlesco não se trata de um grupo de strippers que se apresentam num palco, muito pelo contrário.
O Burlesco é um directo descendente da chamada Commedia dell'arte, uma forma de teatro de improviso que se realizava em Itália, muito popular entre os séculos XV e XVII. Eram pequenas companhias compostas no máximo por 10 elementos que viviam das contribuições populares aquando das suas performances ao ar livre.Versavam temas convencionais da época como o ciúme, o adultério, os afectos e mesmo alguns peças de comédias romanas e gregas perdidas no tempo. Muitas dessas peças romanas e gregas tinham personagens que satirizavam escândalos locais, eventos da altura, gostos regionais, piadas variadas de caríz cultural, etc. Ainda hoje conseguimos identificar muitas dessas personagens que se foram afirmando na Commedia dell'arte, como o Arlequim, a Columbina, o Brighella, entre outros.
(...)Sendo Commedia dell'arte uma das fontes principais de muitas das artes perfomativas modernas ( ballet, marionetas, stand-up comedy, sátira, pantomina, striptease, dança erótica, entre muitas outras) naturalmente ela acabou por ter expressão num país recente como os Estados Unidos da América.
O Burlesco surge assim no século XIX nos chamados Music Hall dos EUA e do Canadá, sendo estes espaços um conceito inglês, onde em resultado da urbanização e da industrialização, se criou uma especie de teatro britânico de entretenimento popular composto essencialmente por música, comédia e performances especiais (muitas vindas do circo, como trapesistas, ventríloquos, comedores de fogo, marionetistas, entre muitos outros). Esses espaços surgiam como contraposição à ‘ordem dos teatros tradicionais’, sendo que nos ‘Music Hall’ se podia consumir alcool, estar em pé, sentarem-se em mesas, muito mais próximo da cultura popular da época e consequentemente menos elitista.
Estes espaços foram muito populares entre 1850 e 1960 em Inglaterra, E.U.A. e Canadá. Após a IIª Guerra Mundial entram em declínio com a afirmação da televisão nas práticas culturais e com uma nova linguagem musical radicalmente diferente que surgia e encontra outros espaços para se afirmar: o rock’n’roll. No entanto, deixou um legado muito relevante na produção artística, desde a música ao teatro, sendo que o seu apogeu é considerado no período entre as duas Grande Guerras.
Ao Burlesco (que era essencialmente composto pela sátira, performances e espectáculo de adultos), nos E.U.A. e Canadá, junta-se uma linguagem especifica, mas mais alargada, o Vaudeville (termo que foi adulterado do francês, “voix de ville”, a voz da cidade), que era uma forma de arte que se afirmou essencialmente desde o inicio de 1800 até 1930 e foi buscar as suas origens aos espectáculos que se reealizavam nos saloons, freak shows e nos chamados Dime Museums (instituições criadas para o entretenimento e educação moral das classes pobres norte-americanas), bem como à literatura burlesca. O Vaudeville foi um das formas de arte mais populares nos E.U.A. nos fins do século XIX. Todos os dias nos já referidos Music Hall eram apresentados uma série de performances sem qualquer relação entre eles, desde músicos (clássicos e populares), dançarinas, comediantes, animais amestrados, mágicos, imitadores, acrobatas, pequenas peças de teatro e inclusivé a dada altura, pequenos filmes.
O Burlesco trata-se assim de uma rica forma de arte musical e cómica nos Estados Unidos da América que remonta aos anos de 1830/40 e que se foi redefinindo ao longo de décadas até essencialmente 1960.

No seu inicio, no século XIX, o Burlesco teve um papel fundamental na mudança de costumes, principalmente na visão sexual da mulher. Pela primeira vez a mulher norte-americana podia mostrar o seu corpo, facto esse que iria marcar decisivamente toda a cultura popular associada ao género feminino, e posteriormente desenvolvida pelas chamadas Indústrias Culturais. Expressava igualmente o confronto entre a cultura aristocrata da época Victoriana e a nova cultura operária que surgia em massa.
Assim, no século XIX o termo burlesco era ainda usado para um conjunto de espectáculos cómicos, que pretendia satirizar o modo de vida das elites socio-económicas dos E.U.A. e da Inglaterra. O seu sucesso junto das classes mais desfavorecidas e da classe média em muito deve a essa linguagem de crítica social em forma de comédia. A história mostra claramento isso quando olhamos para os enormes sucessos no século XIX das peças de burlesco produzidas e protagonizadas por actores da época como William Mitchell, John Brougham e Laura Keene.O declínio do Vaudeville e do Burlesco inicia-se com a afirmação do cinema no inicio do século XX e com a utilização daqueles espaços populares usualmente utilizados por esses espectáculos, para a apresentação de películas cinematográficas. A competição com os preços baixos do cinema e o cariz claramente popular do mesmo deixavam pouca margem de manobra para uma expressão artística que se tinha afirmado no século anterior. A redução dos grandes circuitos que tinham sido construídos no século XIX para a apresentação destas novas expressões de arte popular contribuíram para uma lenta decadência dessas mesmas expressões artísticas. O seu fim acelarou-se no período pós IIª Guerra Mundial, com o surgimento da televisão, redefinindo por completo as práticas culturais dos ingleses, norte-americanos e canadianos.
O Vaudeville e o Burlesco acabaram por fazer a sua migração para outras plataformas de exposição pública, como a rádio e a televisão, sendo que muitos dos programas da televisão devem a este conceito o seu sucesso, como foi o caso nos E.U.A. do The Ed Sullivan Show. Hoje assiste-se a um revivalismo do Burlesco e do Vaudeville, que se iniciou nos anos 90 com alguns grupos interessados em renovar e revitalizar esta expressão de arte, essencialmente em Nova York e em Los Angels. Essas iniciativas nos anos 90 de rivivalismo permitiram inspirar toda uma nova geração de performers nos E.U.A. e no Canadá, constituindo-se hoje como uma verdadeira expressão de cultural popular, à semelhança da sua origem. Hoje o novo Burlesco é composto por muitas artes perfomantivas, inter-disciplinares, incluíndo desde o striptease (de uma forma muito mais sensual e menos sexual que no seu inicio), adereços vistosos, humor negro, cabaret, magia, entre muitas outras expressões de arte perfomativa.

Nova York, Los Angels e São Francisco são hoje das cidades que mais contributo estão a dar ao revivalismo deste conceito, sendo a primeira cidade aquela que mais contribuí para isso, com a sua vida nocturna e os seus equipamentos de entretenimento e culturais.É neste contexto que surgem novas propostas artísticas, espectáculos e festivais de Burlesco, como o Tease-O-Rama, New York Burlesque Festival, The Great Boston Burlesque Exposition, Lucent Dossier Vaudeville Cirque, Yard Dogs Road Show, Miss Exotic World Pageant, etc. Inclusivé, esta centenária linguagem artística que hoje se renova, encontra expressão mundial plataformas, como a utilização de todo o conceito do Burlesco no teledisco da banda norte-americana Panic! at The Disco, onde participaram os Lucent Dossier Vaudeville Cirque."

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O ballet é uma tremenda base para qualquer dança - Incluindo a Oriental!


Como sabem em nossa escola também temos aulas de Ballet. Nossa professora é Flavia Paradela, que tem desenvolvido um trabalho maravilhoso com adultos, trazendo a base e estrutura que podemos acoplar a dança oriental.
Temos dentro de nosso centro, tanto as aulas puras da técnica clássica, como um trabalho completementar as aulas de dança Oriental
Escolha o que for mais conveniente a você e experimente seu corpo de maneira integral.
uma aula consciente e muito efetiva para sua percepção e desenvolvimento artístico!

Prof. Flavia Paradela.

Texto extraído do livro “Noverre, Cartas sobre a Dança”, da autora Marianna Monteiro, pela Edusp Editora.
          A submissão da dança às regras da pintura é tão grande que, em nome da perspectiva, Noverre defende a ideias de substituir os bailarinos que atuam na primeira zona por bailarinos de menor porte na segunda zona, propiciando a ilusão de espaço percorrido. Descreve nos seguintes termos o balé em que utilizou pela primeira vez esse efeito:
(...) o cenário representa uma floresta cujos caminhos se dispunham paralelamente aos espectadores. Uma ponte finalizava o quadro, revelando atrás dela uma paisagem bem distante. Dividi a cena em seis classes, segundo degradações. Cada classe era composta por três caçadores, que formavam ao todo trinta e seis figurantes. As estaturas, na primeira classe, correspondiam à travessia do caminho feita mais próxima dos espectadores; as da segunda classe substituíam as primeiras, percorrendo o caminho seguinte, e as da terceira classe sucediam-lhes, passando pelo terceiro caminho, e assim por diante, até que, ao cabo, a última classe, composta por criancinhas, finalizando o trajeto passando sobre a ponte. A degradação era tão corretamente observada que os olhos, com ela, enganavam-se; o que era apenas efeito da arte e da proporção acabava parecendo a coisa mais natural e verdadeira.
          Em outro trecho da Cartas, quando discute a interação entre as artes no interior do balé, Noverre refere-se à importância do desenho, que, segundo ele, “é útil demais nos balés para que os compositores deixem de dedicar-se seriamente a ele. Contribui para o encanto das formas, prodigalizando novidade e elegância às figuras, volúpia aos grupos, graça às posições do corpo, precisão e correção às posturas”.
          Contudo, o que permite a um balé “pintar” não é a simples materialidade dos corpo se movendo em meio aos elementos plásticos da cenografia, mas, ao contrário, o fato de a cena organizar-se como uma composição em torno de um tema, com intriga, desenvolvimento e desenlance, para que seja pintura é preciso, antes de mais nada, que o balé adquira forma poética.

Observações Prof. Flavia:
Quando Noverre usa o termo “degradação, ou classe” usa-os no sentido de planos. Isto tem a ver com a relação que ele faz com o desenho, a pintura e a perspectiva nas artes visuais.
Ao se ler uma obra de arte visual há uma sintaxe da linguagem pictórica, ou seja, como iremos analisar uma imagem.
Logo, quando Noverre cita no texto sobre as estaturas como “primeira classe”, refere-se às imagens que estão no primeiro plano do olho do espectador, ou mais próximas do observador.
E no último parágrafo do texto reproduzido, sobre a ação do balé “pintar”, organização da composição em torno de um tema, ele provavelmente tenta expressar a importância do equilíbrio estético entre todos os elementos que formam a cena, incluindo a disposição dos bailarinos, como também as posições que seus corpos devem assumir, em busca da total harmonia.


Conceito de “épaulement”, por Agrippina Vaganova, do livro “Princípos Básicos do Ballet Clássico”, pela Editora Ediouro.
Épaulement é a primeira sugestão de futuro talento artístico de dança clássica que é feito nos exercícios de principiantes e crianças.
O estudo começa com os movimentos das pernas. O aluno permanece en face, voltado diretamente para o professor, até que comece a fazer os exercícios, mantendo corpo firme. Então, deve ser introduzido algum jogo de corpo, e acrescentada uma sugestão de futura cor artística.
Em face é a direção natural para a primeira e segunda posições, e geralmente os alunos assim permanecem. Mas, a terceira e quarta posições são feitas com um giro de ombro: se o pé direito está para a frente, o ombro direito está voltado para a frente, e a cabeça para a direita.
A quarta posição permite um giro duplo. Se a posição é em croisé, o ombro direito está para a frente e a cabeça para a direita (*1), e se está em effacé, o pé direito está para frente (*2), mas o ombro esquerdo fica voltado para a frente e a cabeça para a esquerda (*3).
Deste modo, a característica básica do ballet clássico é introduzida desde o verdadeiro início, uma vez que o ballet clássico é construído com croisé e effacé. É do croisé e do effacé que se desenha a riqueza de suas formas, e isso  nunca pode florescer tão luxuriosamente se eles ficam confinado em cansativas e monótonas posições en face.
(*1) Olhar voltado para o canto 2.
(*2) Pé e perna direcionados ao canto 2.
(*3) Olhar voltado para o canto 8.



1.     Divisão da sala de aula (para poses e epaulemets):
·         Legenda:
Ø  ponto negro: o corpo no centro da sala, posicionando-se o olhar para o lado 1, contando em sentido horário;
Ø  1= lado 1; 2= canto 2; 3= lado 3; 4= canto 4; 5= lado 5; 6= canto 6; 7= lado 7; 8= canto 8;








2. Posição das pernas:
·         Da esquerda para direita:
Ø  Quatrième derrière
Ø  Quatrième à la second
Ø  Quatrième devant

3. Epaulements (croisé/ effacé/ écarté)

Croisé devant     e      croisé derrière

Effacé devant      e     effacé derrière

               
Ecarté devant            e         ecarté derrière

          
Attitude croisé devant     e     attitude croisé derrière

            
Attitude effacé devant    e    attitude efface derrière


   
                   1º arabesque                         2º arabesque                    3º arabesque                   4º arabesque